Embora a alta ingestão de sal sempre tenha sido diretamente associada à hipertensão arterial na população adulta, evidências recentes mostram que o consumo excessivo de sal em crianças, além de influenciar a pressão arterial, também deixa o indivíduo predisposto ao desenvolvimento de uma série de outras doenças, como osteoporose, asma, câncer de estômago e até mesmo a obesidade.
E como os hábitos alimentares na infância e adolescência influenciam os padrões que serão estabelecidos na vida adulta, uma criança acostumada a comer alimentos excessivamente salgados desde muito cedo, certamente manterá esse hábito com o passar dos anos. Afinal, assim como o interesse pelo açúcar, gostar de sal e de alimentos salgados é uma preferência gustativa que a gente aprende ao longo da vida.
Logo, se esperamos conseguir, um dia, reduzir a ingestão de sódio entre a população adulta, a melhor forma de fazer isso é ainda na infância.
Mas, por onde começar?
Mudanças simples realizadas na dieta de uma criança já são capazes de garantir que ela não consuma muito sal. Bons exemplos são reduzir, sempre que possível, a oferta de lanches industrializados e priorizar petiscos mais saudáveis, como frutas ao invés de batatas fritas; trocar sanduíches de presunto e queijo por frango ou atum; preparar a comida sempre com o mínimo de sal necessário e verificar rótulos de produtos como molhos, pães e cereais. Outro ponto importante é desencorajar os pequenos a adicionarem mais sal aos alimentos (ainda que eles insistam) e evitar deixar saleiros disponíveis na mesa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, um adulto deve consumir, no máximo, 2000mg (2g) de sódio ao dia, o que equivale a 5g de sal (pois o sal que nós utilizamos é composto por 40% de sódio). No entanto, estima-se que os brasileiros consomem mais do que o dobro desta quantidade.
Para crianças as recomendações são ainda menores, como você pode conferir na tabela abaixo, dividida por faixa etária.
Idade | Quantidade máxima de sal ingerida |
0-6 meses | <1g / day |
6-12 meses | 1g / day |
1-3 anos | 2g / day |
4-6 anos | 3g / day |
7 anos + | 5g / day |
Bebês
Os bebês possuem rins ainda muito imaturos. Portanto, o ideal é que o sal nunca seja adicionado a nenhum alimento para ele. Além disso, antes dos seis meses, o leite materno e a fórmula infantil já atendem naturalmente a todas as necessidades nutricionais do bebê.
Desmame
Durante o desmame, você pode seguir com a orientação de não colocar sal em nenhum alimento, ainda que ao prová-los você ache que não estão tão saborosos quanto deveriam. Evite também o uso de alimentos processados como molhos prontos, por exemplo, e tabletes de tempero.
Crianças
Mesmo a criança que já está maiorzinha, anda e come sozinha ainda deve seguir com a mínima adição de sal à comida. É nesta época que a ingestão de sal das crianças tende a aumentar drasticamente, por isso, todo cuidado é pouco. Não tenha medo de limitar os alimentos com alto teor de sal e verifique sempre as informações nutricionais dos rótulos, mesmo em produtos voltados para crianças.
Adolescentes
Essa, com certeza, é a fase mais difícil. No entanto, se a criança foi habituada com a baixa ingestão de sal desde cedo, a tendência é que ela tenha menos interesse por esse tipo de alimento. Vale ficar de olho, no entanto, ao consumo de salgadinhos, batatas fritas, biscoitos comprados no supermercado, nuggets de frango, pizza e hambúrgueres, que podem estar muito sobrecarregados de sódio.
Como perceber que seu filho está comendo muito sal
Um bom termômetro vai ser sempre a quantidade de alimentos industrializados que fazem parte da rotina da criança no seu dia a dia. Mas também vale observar se ela insiste em adicionar mais sal em itens que você tenha preparado em casa, como uma salada, uma carne ou até mesmo no molho do macarrão. Além disso, existem alguns comportamentos que podem ajudar a acender a luz de alerta.
Excesso de sede
Como o sódio retém a água, mais sódio no corpo significa que mais água é necessária. Se você perceber que seu filho está com sede incomum e não há explicações óbvias, como clima quente ou exercícios intensos, considere avaliar a quantidade de sódio em sua dieta, levando em consideração todos os alimentos – refeições em casa e na escola, alimentos processados, lanches e bebidas. Lembrando que muitas bebidas esportivas, muitas vezes comercializadas para crianças e adolescentes como bebidas saudáveis, contêm grandes quantidades de sódio.
Desejos por alimentos salgados
Vamos ser sinceros, o sal faz a comida parecer mais saborosa. Então não é surpresa que seu filho tenha mais probabilidade de pegar um saco de batatas fritas do que um pedaço de cenoura. Se você notar que seu filho vira o nariz para qualquer coisa com baixo teor de sal, invista nos temperos naturais, como as ervas, por exemplo. Faça o teste de acrescentar salsinha ou pimenta em vez de sal aos ovos mexidos e veja se a reação dele melhora.
Urina escura e muito amarela
Embora existam muitas coisas diferentes que podem tornar a urina de uma criança amarela escura, uma delas é a ingestão excessiva de sódio. Se você não tem certeza se o xixi do seu filho se encaixa na descrição, procure ajuda profissional e peça um exame de urina mais detalhado.
Ganho de peso mesmo com restrição de açúcar
É bem comum que os pais fiquem mais atentos ao consumo de doces e gorduras - como causas da obesidade - mas estudos mostram que o ganho de peso também pode estar associado ao aumento da ingestão de sal. Por isso, fique de olho nos alimentos industrializados salgados e limite a oferta desses itens.
A família toda come muito sal
Tal pai (ou mãe!), tal filho. Embora seja bom usar um pouco de sal na culinária (ele realça o sabor dos alimentos, principalmente da carne e dos vegetais) se você sabe que tende a dar aquela exagerada na quantidade de sal da comida em casa (ou se alguém da sua família já te pontuou isso em algum momento) será mais difícil evitar que o padrão se repita com o seu filho. Portanto, tente reduzir um pouco - ainda que você estranhe no começo. Aos poucos o nosso paladar se acostuma e até você vai passar a achar estranho quando comer algo muito salgado novamente.
Como referência, a Associação Brasileira de Nutrição, orienta que um pacotinho de 1 kg de sal iodado é suficiente para suprir uma família de 4 pessoas durante 50 dias. Portanto, se o seu acaba antes disso, talvez seja hora de rever algumas coisas.
Tenha em mente que essa mudança de comportamento vai trazer benefícios incontáveis para a saúde da sua família como um todo, evitar doenças arteriais, infartos e muitos outros problemas.
Um estudo sul-africano, por exemplo, publicado BMC Public Health, mostra que o efeito do sal excessivo pode levar muitos anos para evoluir para hipertensão. Além disso, pessoas com hipertensão não se sentem doentes e raramente apresentam sintomas reveladores. No entanto, a pressão alta é responsável por 38% de todos os derrames. Por isso a prevenção é tão importante.
Aqui no nosso site nós disponibilizamos alguns e-books com receitinhas fáceis, gostosas e super saudáveis, que podem ajudar a driblar a tentação dos industrializados, tanto na montagem do lanchinho escolar, quanto naquela reunião com os amigos em casa. Confira.
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